sexta-feira, 30 de setembro de 2011

RN lidera captação de órgãos no NE

Há quatro meses, João Alves Sobrinho submeteu-se à uma cirurgia que mudou a vida dele. "Foi como nascer de novo", diz. O "renascimento", como ele qualifica, aconteceu no dia 18 de maio passado. Foi nesta data, que João, através de um transplante, recebeu um fígado novo. Hoje, em processo de recuperação da intervenção cirúrgica, o mossoroense de 70 anos comemora o sucesso da operação.

Com o objetivo de que histórias como a de João se repitam, o Ministério da Saúde lança nesta semana, uma campanha em prol da doação de órgãos. No Rio Grande do Norte, a Secretaria Estadual de Saúde abriu a programação com um evento na quinta-feira(29). O RN lidera entre os estados nordestinos no que diz respeito ao número de órgãos captados, porém, realiza apenas três tipos de transplantes: córnea, rim e médula óssea.

O coordenador da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do RN, Rodrigo Furtado, explica que o estado ultrapassou a média nacional de captações. "A média é de 11 captações multiorgânicas por milhão de habitantes/ano. O RN realizou 16,4 captações  por milhão de habitantes/ano".

Em contrapartida, apenas rins, médulas ósseas e córneas captadas nos hospitais potiguares são transplantados dentro do estado. Fígado e partes do coração são enviados a outros estados. "Não temos hospitais nem equipes médicas adequadas para transplantes desses órgãos", diz Rodrigo.

O cenário não foi sempre esse. Até o ano passado, o RN realizava transplante de coração. O último procedimento desse tipo foi realizado em dezembro. Para cada procedimento cirúrgico autorizado pelo SUS, explica Rodrigo Furtado, o hospital recebe uma verba que é  rateada entre os profissionais envolvidos - cerca de cinco médicos em cada transplante - e o próprio complexo hospitalar.

Para o transplante de rim, por exemplo, o Ministério da Saúde paga R$ 15 mil. Um transplante de coração custa R$ 37 mil e o de fígado R$ 68 mil. O problema que pode explicar o desinteresse de hospitais particulares em realizar os procedimentos, é o fato de que o paciente transplantado recebe uma espécie de plano de saúde conveniado apenas com o hospital onde ele foi cirurgiado. "Depois da cirurgia, qualquer complicação que o paciente possa ter, é de responsabilidade daquele hospital. O paciente fica ligado eticamente com o hospital", diz Rodrigo.

O trabalho da Central de Transplantes ainda esbarra em problemas de ordem estrutural e técnica. São apenas 20 funcionários e há somente um automóvel para realizar a transferência dos órgãos coletados. "Outro problema é a falta de comunicação dos médicos", lamenta Rodrigo.

NACIONAL

O coordenador do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Héder Borba, informou que o Governo Federal deverá aumentar o investimento na área. Esse ano, o valor sofrerá reajuste de 50%. A informação chega na mesma semana onde o Ministério da Saúde (MS) lança a campanha incentivando a doação de órgãos com o tema "Seja um doador de órgãos, seja um doador de vidas".

De acordo com a assessoria de imprensa do MS, o país vem mantendo crescimento sustentado não só na quantidade de cirurgias realizadas como também no volume de recursos aplicados no setor. O investimento no SNT, em 2010, ultrapassou R$ 1 bilhão. Este valor é quase quatro vezes maior que os recursos investidos sete anos atrás (R$ 327 milhões).

Cerca de 95% das cirurgias de transplante realizadas no país, de forma gratuita, são realizadas pelo SUS. No Brasil, somente ano passado, foram realizadas 21.040 cirurgias. A expectativa é que o número de transplantes realizados este ano supere a marca de 2010. Para o lançamento da campanha este ano, o MS reuniu artistas e atletas numa caminhada realizada domingo passado, no Rio de Janeiro.

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