sexta-feira, 8 de abril de 2011

Acesso a escolas não é controlado

rodrigo senaEstudante Micaellen Silva diz ter medo de sair de farda pelas ruasEstudante Micaellen Silva diz ter medo de sair de farda pelas ruas



A chacina na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona Oeste do Rio de Janeiro, não só comove e choca, como também suscita em pais de estudantes o questionamento sobre a segurança em escolas em todo país. Para verificar o grau de acesso, a TRIBUNA DO NORTE percorreu, na tarde de ontem, instituições de ensino  das redes pública e privada. Mesmo descaracterizada e questionando apenas onde ficava a direção, a equipe de reportagem não encontrou qualquer resistência em adentrar e circular nas dependências das escolas -  Municipal João XXII, no Alecrim, Colégio Estadual Atheneu, em Petrópolis, Instituto Federal do Rio Grande do Norte, em Lagoa Nova, e o Colégio Salesiano, na Ribeira – escolhidas de modo aleatório.
Na escola João XXII, no Alecrim, o diretor Alexsandro Estelito de Souza justificou a falha da portaria em não questionar quem e o quê desejavam os visitantes, com o critério da aparência e também por o porteiro ser novato. “Não há qualificação técnica para os vigias de escolas. Em geral, são servidores que estão no quadro há bastante tempo, aguardando se aposentar”, ressalta  Alexandro Souza. Sem a entrega do fardamento, ressalta a coordenadora pedagógica Aparecida Regalado, é difícil identificar quem são os alunos. O portão geralmente fica destravado, apesar da área ser considerada de risco.

Apesar do sistema de segurança eletrônica e humana no IFRN, se identificar para passar pela catraca - como pede a placa fixada  à entrada – não foi exigido pelos funcionários. “Existem falhas no acesso, mas temos um forte sistema de monitoramento das dependências”, rebateu o diretor administrativo João Maria da Silva. Doze seguranças do quadro, além de terceirizados e circuito fechado de TV vigiam o espaço. A central, por sua vez, funciona junto com a distribuição das chaves da entidade, comprometendo a observação contínua das telas. “Estamos de mudança para uma nova sala”, adiantou.

A estudante do 1º ano de edificações, Tatiana Regalado, 14 anos, não se sente totalmente segura, mas garante que nos blocos de aula e laboratórios o acesso é restrito aos alunos e funcionários.

No Atheneu, os portões estavam abertos e mais uma vez, não houve, qualquer intervenção no sentido de impedir a entrada. “Há uma certa vulnerabilidade”, admite o vice-diretor Bartolomeu Silva Carneiro, que garante não haver a violência de anos anteriores.  A presença de policiais da ronda escolar da PM garantia a  tranquilidade. O serviço é rotineiro e acionado em casos de anormalidades dentro ou no entorno do colégio.

Vigias e porteiros terceirizados – que não quiseram se identificar - contam não receber treinamento da empresa e desconhecem a abordagem correta. Para a estudante Micaellen Silva, 17, o risco está em ir à rua fardada.

O acesso livre ao Salesiano, apesar de segurança à porta, foi classificado pelo coordenador Mário Sérgio de Oliveira como “atípico”. Em geral, explica o coordenador, visitantes são identificados na portaria, onde deixam documentos que são devolvidos somente à saída. “A partir das 17h os portões ficam abertos para facilitar a saída”. A escola dispõe de 32 câmeras, além de serviço de segurança humana para cuidar dos 1.800 alunos.

O secretário municipal de educação Walter Fonseca informou que a guarda municipal e profissionais terceirizados garantem a integridade em escolas de Natal. “A escola é um território livre, um templo”. A SME aguarda o levantamento de pessoal de 134 escolas e Cmeis para iniciar a contratação de pessoal que contempla também seguranças.

Na rede estadual, esclarece o subsecretário José Salim, 100 escolas possuem sistema eletrônico, das quais 15 em Natal, além de 82 vigilantes armados por meio de contrato com empresa terceirizada. “A ampliação da rede de segurança está em avaliação no nosso planejamento, dependendo de questões orçamentárias”, afirma.

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