quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lixo perigoso aguarda destino

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) tem hoje de 12 a 14 toneladas de lixo considerado perigoso armazenado desde o início de suas atividades, à espera um destino adequado. O volume é resultado do descarte de resíduos químicos de laboratórios, lâmpadas fluorescentes trocadas e resíduos de serviços de saúde. Isso sem contar o volume descartado indevidamente em tempos que a sociedade não tinha consciência do descarte adequado.
Rodrigo SenaA 
Universidade Federal tem hoje apenas um trabalho piloto em coleta 
seletiva de papel e neutralização de resíduos no NuplanA Universidade Federal tem hoje apenas um trabalho piloto em coleta seletiva de papel e neutralização de resíduos no Nuplan
Não foi por falta de tentativa que o lixo ainda não teve destino. A Instituição realizou dois pregões em busca de uma empresa que atue no descarte do material perigoso, sem sucesso. “Ninguém se apresentou nos dois certames, temos poucas empresas que atuam no ramo aqui no RN. Planejamos um novo processo em breve, com auxílio da Petrobras, que indicará nomes de empresas para participar”, explica o superintendente de infraestrutura da UFRN, Gustavo Coelho. 

Além da necessidade imediata de encontrar um destino do que já foi e será produzido – para se ter ideia, a UFRN substitui uma média de 600 lâmpadas fluorescentes por mês – a Universidade busca atender ao decreto nº 5.940 de 2006 da presidência da República. O documento determina que as universidade federais do país implantem um plano de ações para separar resíduos sólidos descartáveis e os envie a entidades de catadores desse material.

“Uma licitação também será feita para definir qual associação vai receber o material descartável”, disse Gustavo, que considera o decreto interessante, e destaca os procedimentos que a UFRN tem adotado para dar um destino correto ao seu lixo químico, e da necessidade de adotar um programa de gestão integrada de resíduos, desde os radiativos até os mais simples, chamados de resíduos domésticos.

Em 2009 foi realizado um levantamento, catalogação e quantificação dos tipos de resíduos que a Instituição produz. “E ela produz praticamente todos os tipos conhecidos na literatura. Como a UFRN vem mudando muito e crescendo demais nos últimos tempos, estamos já atualizando esses dados de maneira permanente”, comenta.

A partir daí, se começou a tratar cada um separadamente, com diferentes políticas de trabalhos. “Nem todos têm hoje uma solução definitiva, mas um encaminhamento que se considera razoável”.

Com recursos de R$190 mil do Finep, que é a financiadora de estudos e projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi implantada uma unidade temporária de armazenamento.

O lixo que não pode ser descartado diretamente vai para essa unidade. “E os novos laboratórios estão sendo construídos com sistema de aproveitamento de resíduos, mais precisamente os químicos”. Servidores foram capacitados para atuar na unidade.

Universidade justifica demora no processo

Para atender ao decreto de maneira plena, a UFRN está ainda formando comissões, conforme determina a legislação. Questionado sobre a demora para atender ao decreto, Gustavo explica que a adequação é um longo processo, e que começou antes mesmo da determinação do Governo Federal.  “Já tínhamos a experiência piloto em coleta seletiva de papel e neutralização de resíduos no Nuplam”, disse.

“Mas precisamos de tempo para amadurecer as exigências estabelecidas no decreto, levantar recursos e capacitar o pessoal”. Estão disponíveis entre R$550 a R$600 mil para investimentos novos nessa área.“A universidade  tem vários níveis de administração”,  explicou. Por isso os grupos estão sendo constituídos em cada um dos centros, ligados a uma comissão central.

Gustavo destaca a do Centro de Biociências como referência interessante, onde são produzidos resíduos de diversos tipos. “Ele saiu na frente para a composição da comissão e, com isso podemos adotar soluções mais apropriadas”. O próximo passo será contratar uma empresa licenciada para descartar o material químico e a associação para receber o material descartável.

“Assim podemos fazer a liberação da quantidade perigosa e gerenciar melhor os resíduos que estão sendo gerados na universidade”, explica. Está garantido um recurso anual de R$150 mil para contrato da empresa. Já a associação deve atender a alguns requisitos, como não ter fins lucrativos, preencher requisitos de segurança exigidos para esse tipo de serviço e possuir uma logística adequada para recolhimento  do material. 

Na experiência do Núcleo de Pesquisa em Alimentos e Medicamentos (Nuplam), hoje consolidada, as matérias-primas consideradas agressivas ao meio ambiente passam pelo processo de neutralização, e tornam-se inofensivas para descarte.

Descarte de resíduos na UFRN em números

* Classificação em sólidos comuns e perigosos

Perigosos:

A UFRN tem em média, 12 a 14 toneladas armazenadas, entre resíduos químicos de laboratórios e de serviços de saúde, e ainda lâmpadas fluorescentes substituídas.

A Universidade produz por dia, uma média de 2,3 toneladas de lixo sólido comum.

Em 2009 construiu-se a unidade de armazenamento dos resíduos perigosos. Recurso de R$190 mil

Há ainda R$550 mil disponíveis para novos investimentos em descarte de resíduos. Dois pregões, sem sucesso, foram feitos em busca de uma empresa que desse destino ao material perigoso.

Na UFRN são trocadas, em média, 600 lâmpadas fluorescentes/mês.

O Decreto Federal nº 5.940/06, determina que as universidades federais do país implantem um plano de ações de separação de resíduos sólidos descartáveis e envio às entidades de catadores de material descartável. A primeira licitação da UFRN deve ser feita nos próximos dias.

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