sábado, 28 de agosto de 2010

PIB do RN poderá crescer 7,32%

A desaceleração da atividade agrícola e as deficiências na infraestrutura do Rio Grande do Norte vão fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) local fique entre os quatro regionais com menor índice de crescimento neste e no próximo ano. O cenário é projetado pela consultoria Datamétrica, em levantamento que estima, para 2010, aumento de 7,32% para o PIB do RN. O índice é superior à média brasileira, mas está à frente apenas das estimativas feitas para Paraíba, Alagoas e Piauí (veja o quadro). Para o próximo ano, a expectativa da consultoria é que o crescimento potiguar também seja positivo, mas que empate com o de Alagoas como o penúltimo no ranking nordestino, na casa dos 4,92%. O índice só superaria o da Paraíba, com estimativa de 4,80%.

Principal termômetro para medir o crescimento econômico, o PIB representa a soma do valor de todos os serviços e bens produzidos em determinados período e região. Isso significa que, se algum setor da economia vai mal, o índice é diretamente influenciado. Foi o que aconteceu com o Rio Grande do Norte.

Apesar de considerado positivo, o desempenho projetado para o estado poderia ser melhor, não fosse, por exemplo, a perda de dinamismo em alguns setores como a produção de petróleo e gás – em curva de declínio – e a produção agrícola, diz o consultor da Datamétrica,  Carlos Magno Lopes. “A seca afetou de forma mais dura a agricultura do Ceará, do Piauí e o Rio Grande do Norte não ficou de fora dessa lista. O valor bruto da produção agrícola do estado em 2010 deve cair mais de 10% em relação a 2009 e essa, certamente, será uma das razões para que o estado cresça menos do que outros na região”, diz.

O PIB agrícola tem menos peso do que o de atividades como serviços e indústria e, no caso do RN, representa de 7% a 8% do produto Interno Bruto. Mas, considerando que toda a cadeia comercial e de serviços ligada ao setor sofre se o resultado no campo vai mal, o impacto sobre o crescimento econômico ganha novo alcance. Além de prejudicado pelo fator climático, Lopes observa que o Rio Grande do Norte também vem perdendo espaço na fruticultura, especificamente, para o Ceará, e que a expansão do turismo no estado não está acompanhando “estados líderes na região”.

“Além disso, é importante mencionar que o estado tem um portfólio de investimentos mais fraco que o de outros vizinhos. O Rio Grande do Norte está com problema de captação de novos investimentos porque não dispõe de alguns requisitos para isso e o principal deles é infraestrutura capaz de aumentar a rentabilidade do capital privado”, analisa o consultor. “Só oferecer incentivos (fiscais) não basta e hoje todo mundo faz isso”.

Para reverter o cenário, ele diz que o governo deve procurar investir mais em infraestrutura e reativar setores da economia que são importantes, mas que não estão em sua melhor fase. “A economia do RN tem potencial de crescimento, mas é preciso tomar um choque, repensar esses segmentos que tradicionalmente apresentavam bons resultados e perderam dinamismo. É preciso também ter uma política industrial mais agressiva”.

Consumo das famílias puxa resultados para lado positivo

Apesar de caminhar em marcha mais lenta que vizinhos, o Rio Grande do Norte deverá crescer mais que o Brasil, em 2010 e 2011, de acordo com a Datamétrica. O consumo das famílias, influenciado pelo aumento de renda e emprego e pelos gastos públicos, deverá ser o grande responsável por impulsionar a economia e fazer com que não só o estado, mas todos da região, cresçam mais que a média do país.

“Percebemos muito otimismo do consumidor nordestino, estimulado pela crescente oferta de crédito. Atrelado a isso há programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que fazem  com que as famílias comprem mais. Isso se reflete nos números do comércio varejista”, diz Carlos Magno Lopes, da Datamétrica, destacando que os governos também estão gastando mais em programas e obras públicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário