sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Queda de FPM começa provocar atraso de salário

As dificuldades enfrentadas por grande parte das prefeituras potiguares, reflexo do repasse considerado cada vez mais insuficiente do   Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – principal fomentador das finanças das cidades de pequeno e médio portes – provocou este mês o atraso dos salários do funcionalismo de prefeituras como Pedra Preta e Carnaúba dos Dantas. De acordo com o presidente da Federação dos Municípios do RN (Femurn), Benes Leocádio,  parte considerável das prefeituras potiguares se limitaram a efetuar o pagamento do funcionalismo de áreas como a educação e saúde, por exemplo, que dispõem de receitas vinculadas, ou seja, que têm recursos advindos do governo Federal para o fim específico. “Ontem mesmo estávamos em Brasília, onde participamos de mobilização, e prefeitos do estado de Alagoas informaram que dos 102 municípios, 68 não conseguiram pagar a folha de pessoal”, relatou.

Ele reforçou ainda que a situação decorre quase que exclusivamente dos repasses do FPM, que vêm sendo praticamente o mesmo desde 2008 - “um crescimento zero”, ao passo em que a despesa dos municípios no mesmo período cresceu de 20 a 15%. “Se levarmos em conta apenas a inflação (o FPM) já está negativo 2,325 bilhões com relação aos mesmos valores de 2008. Nunca tinha ficado tão apertado quanto agora”, lamentou. Segundo ele, a dívida dos municípios com a previdência social já vem sendo descontada pelo governo Federal no ato do repasse, o que tem agravado o problema. “Está se caminhando para o ponto em que muitos municípios vão ter que devolver os programas por não receberem a contrapartida e não terem os recursos para pagar as necessidades”, afirmou.

Em sinal de protesto, o prefeito de Afonso Bezerra, Jackson Bezerra (PSB), percorrerá a pé os 167 quilômetros que separam Natal do município que administra, segundo ele, para alertar a sociedade e os políticos brasileiros da necessidade de aprovação de dois projetos que encontram-se sob análise no Congresso Nacional – a redistribuição dos royalties e a emenda 29, que fixa os percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, estados e municípios. Jackson Bezerra sairá da capital potiguar no próximo dia 10, às 8h30 e tem previsão de chegar à Afonso Bezerra no dia 13, por volta das 20h.

Ele emfatizou ser de suma importância o cumprimento do pacto federativo - ação solidária formalizada na Constituição Federal de 1988 e que entre um entendimento entre os três níveis de governo visando o atendimento à sociedade de forma eficiente, racional e efetiva e levando em conta a vocação de cada ente federado, capacidade de implementação, os custos e a eficiência na execução dos serviços públicos. “Em 1988 os municípios tinham direito a 22% dos impostos do país. Hoje esse percentual caiu para 15% ao passo que as obrigações aumentaram consideravelmente”, enfatizou o prefeito de Afonso Bezerra.

O vice-presidente da Femurn, prefeito de de São Gonçalo do Amarante, Jaime Callado (PR), afirmou que a situação de extrema dificuldade, na qual se encontra grande parte dos municípios brasileiros, é decorrente da extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que destinava ao setor de Saúde cerca de R$ 40 bilhões ao ano.

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