Enem ganha status de vestibular

Rodrigo SenaAlunos devem dar atenção à preparação para o Enem, que ganha importância maior este ano.

 

Quem acreditava que os problemas de vazamento da prova e de adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio, no ano passado, poderiam reverter o processo de adoção do Enem como forma de seleção das universidades federais, pode ir mudando de opinião. O Ministério da Educação (MEC) abandonou a ideia de promover duas edições em 2010, mas continua firme no propósito de transformar a prova em uma espécie de “vestibular nacional”.

O Enem 2010 será realizado nos dias 6 e 7 de novembro. A princípio o mês anterior seria o ideal, porém a data foi adiada por conta das eleições deste ano, que devem ocupar a atenção geral da população do início ao final de outubro. A expectativa quanto ao exame é de 6 milhões de participantes em todo o Brasil. No ano passado foram 4,2 milhões (2,5 milhões compareceram às provas). O MEC vem fazendo os ajustes finais no calendário e deve abrir as inscrições em junho, ou julho.

Os resultados serão divulgados no início de 2011, para serem aproveitados no processo seletivo das universidades que aderirem integral, ou parcialmente ao exame. Em 2009, 51 instituições públicas de Ensino Superior fizeram parte do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), através do qual os estudantes puderam concorrer a 47 mil vagas em cursos de graduação, levando em conta unicamente a nota do Enem. Ainda neste primeiro semestre de 2010, o Sisu terá uma nova rodada de seleção, para vagas abertas no segundo semestre em universidades, faculdades e institutos.

No Rio Grande do Norte, a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) adotou o Enem como fase única para preenchimento de suas vagas no último vestibular e deverá manter a regra este ano. O mesmo ocorre com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o antigo Cefet. Seguindo em outra direção, a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) anunciou que manterá o Processo Seletivo Vocacionado (PSV) próprio, apenas com uma opção de aproveitar a nota do Enem como 20% da média final.

A UFRN, que não aderiu ao primeiro ano do novo exame, já adotará a nota do Enem no ingresso em seis de seus cursos e não abandonou a possibilidade de aproveitar as provas nacionais como uma espécie de primeira fase de seu vestibular. Enquanto isso não ocorre, experimentalmente as vagas de Engenharia de Software, Geofísica, Engenharia Florestal, Zootecnia, Engenharia Agronômica e Gestão Hospitalar serão ofertadas através do Sistema de Seleção Unificada.

A adoção do Enem como primeira fase do vestibular ganhou um adepto de peso, este ano, com a decisão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em aproveitar a nota do exame desta forma. Para o reitor da UFRN, Ivonildo Rego, ainda que a universidade norte-rio-grandense acate a mesma ideia nos próximos anos, não deve abrir mão dos conteúdos regionais e provas discursivas que caracterizam a segunda fase de seu vestibular.

Em 2009, dentre as universidades federais que adotaram o Enem como fase única de seleção para parte, ou todas as vagas, estavam as do Mato Grosso (UFMT), de São Paulo (Unifesp), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), da Bahia (Ufba), do Maranhão (Ufma), Piauí (UFPI), Rural de Pernambuco (UFRPE), Amazonas (Ufam),  Rondônia (Unir) e Tocantins (UFT).

Perguntas frequentes sobre o Enem

Quem já terminou o Ensino Médio há muito tempo pode fazer o Enem e participar do vestibular unificado?
Sim, o Enem continua sendo uma prova voluntária, aberta a todos os concluintes ou egressos do Ensino Médio.

Como é a prova?
O exame é composto por testes em quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemáticas e suas tecnologias. Cada grupo de testes será composto por 45 itens de múltipla escolha, aplicados em dois dias.

As disciplinas abordadas pela prova do Enem têm pesos diferentes?
A prova do Enem trará cinco notas diferentes, uma para cada área do conhecimento avaliada e uma para a redação. Não haverá diferenciação dos pesos. O que pode ocorrer é que, nos processos seletivos, as instituições utilizem pesos diferenciados entre as áreas para classificar os candidatos, de acordo com os cursos pleiteados.

O Enem apresenta questões regionais na prova?
Não. Nenhum exame do Inep/MEC contempla questões regionais.

Uma pessoa que não for bem no Enem terá a chance de fazer outra prova e melhorar a sua nota?
Sim, o aluno pode fazer o Enem quantas vezes quiser.

Para fazer o Enem o interessado já deve ter decidido o curso ou instituição onde pretende prestar o vestibular?
Não. Na inscrição para o processo seletivo é que o aluno decide a qual curso quer concorrer.

Por que fazer o Enem?
A média de desempenho obtida no Enem será imprescindível para pleitear uma vaga nas instituições de Ensino Superior que adotarem o exame como ferramenta de seleção, de maneira integral ou parcial. Além disso, o Enem continua a servir como referência para uma autoavaliação sobre o ensino médio e qualidade do ensino, e sua nota continuará a ser critério de seleção de bolsas de estudo no Programa Universidade para Todos (ProUni). O Enem vai ainda promover a certificação de jovens e adultos no Ensino Médio e medir o desempenho acadêmico dos estudantes ingressantes nas instituições de Ensino Superior.