terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Lula recomenda três prioridades

wilson dias / aePresidente Luiz Inácio Lula da Silva destaca acesso dos pobres ao ensino superiorPresidente Luiz Inácio Lula da Silva destaca acesso dos pobres ao ensino superior



Brasília (AE) - Na última reunião do ano com a Executiva Nacional do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta segunda-feira (20) ao partido que se dedique a três prioridades no primeiro ano do governo de Dilma Rousseff: reforma política, marco regulatório dos meios de comunicação e programas para a juventude.

“Quero ver quem vai afinar, hein?", disse Lula, segundo relatos de participantes do encontro, quando citou a polêmica proposta de regulamentação da mídia. O projeto que cria o marco regulatório da comunicação eletrônica ainda não foi enviado ao Congresso, mas já desperta desconfianças sobre o interesse do governo em relação ao controle social da mídia.

Ao abordar o assunto com os petistas, no Palácio da Alvorada, Lula deixou claro que nem ele nem Dilma nunca planejaram censurar a liberdade de expressão. Para o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, o marco regulatório “vai garantir a concorrência, a competição, a inovação tecnológica e o atendimento ao direito da sociedade à informação".

Com o mesmo argumento, o futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ao Grupo Estado que o governo não vai vigiar a mídia. “Agora, não é sensato simplesmente achar que a imprensa pode tudo e o cidadão, o político - porque político também é gente - que não tem direito a nada", afirmou Bernardo, hoje titular do Planejamento. A 11 dias de deixar o Palácio do Planalto, Lula também pediu aos companheiros do PT que parem de brigar internamente e também com os outros aliados, principalmente do PMDB, por cargos no primeiro escalão. “A nossa prioridade é o governo Dilma e vocês precisam ajudá-la", insistiu o presidente, de acordo com dirigentes do partido.

Diante da cúpula petista, Lula reafirmou o que já dissera ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu: fora do governo, quer desmontar a "farsa do mensalão" e trabalhar pela reforma política, com financiamento público de campanha. O mensalão foi a maior crise que atingiu o governo Lula, em 2005, e por pouco não resultou no impeachment do presidente.

Presidente vai à UNE e destaca realizações na Educação

No primeiro compromisso da visita de despedida ao Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro com estudantes, fez um discurso-exaltação de suas realizações na área da educação, deu conselhos aos jovens e brincou com o aumento do salário de deputados e senadores. O presidente participou do lançamento da pedra fundamental do prédio que abrigará a nova sede da União Nacional dos Estudantes (UNE).

“Um homem que só tem o quarto ano primário foi o presidente que mais fez universidade neste País", disse Lula, depois de lembrar que “meia dúzia de pequenos burgueses" foi contra a implementação de programas que ampliaram o acesso dos pobres ao ensino superior.

Muito bem humorado, Lula lembrou que fazia o “último pronunciamento aos estudantes brasileiros" como presidente. Convidado pelos dirigentes da UNE e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) a participar das manifestações que lançarão a pauta de reivindicações do próximo ano, Lula deu sugestões aos jovens militantes. “É o conselho de um velhinho da terceira idade. Nunca apresentem uma pauta muito difícil de conquistar. É bom para o discurso ideológico, mas para poucos ouvidos ouvirem. Façam uma pauta que acreditem que possam conquistar", recomendou o presidente.

Lula brincou com o senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ), ex-presidente da UNE. “Ele nem tomou posse ainda, mas já está com o dinheiro do auxílio-paletó. Passei oito anos sem aumento. Ele nem tomou posse e já teve aumento para R$ 26 mil. Ele e o Tiririca é que têm sorte", brincou Lula.

Entre os presentes ao lançamento da pedra fundamental, estavam o arquiteto Oscar Niemeyer, de 103 anos, que doou o projeto do novo prédio aos estudantes. O escritório de Niemeyer será agora o responsável pelo projeto técnico, que segundo o presidente da UNE, Augusto Chagas, deve custar cerca de R$ 1 milhão. Na semana passada, o governo federal determinou o depósito de R$ 30 milhões dos R$ 44,6 milhões a que a UNE terá direito como indenização pela destruição da sede da instituição logo depois do golpe militar de 1964.

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