quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Depoimento: Adolescente, nas ruas e viciado em crack


O crack tem atraído cada vez mais jovens, principalmente os moradores de rua e da periferia, para um mundo praticamente sem volta.

Durante o dia ninguém os vê, mas é só cair à noite que saem de suas ‘tocas’ numa busca desesperada por dinheiro para alimentar o triste, terrível, vício. É cada vez mais comum ver jovens nessa situação. Zumbis urbanos.

Segundo especialistas, basta apenas uma pedra da droga para que o organismo humano comece a criar dependência.

Sujos, descalços e com uma aparência desoladora, os viciados vagam nas madrugadas pelas ruas e avenidas de Natal. Alguns se arriscam sair durante o dia, mas a maioria prefere ficar escondida para não ser pega pela polícia, por familiares, juizado ou por algum traficante com dívida de droga.

O caso de um jovem de 15 anos, que terá identidade preservada, reflete bem a realidade assustadora. Corpo franzino, cabelos e unhas grandes, sem banho, com várias marcas de arranhões, cortes e ferimentos espalhados pelo corpo. O olho atento a tudo que passa, a voz trêmula e um sorriso com um que desiludido. Desde os 14 anos ‘Matheus’ é usuário de crack. A primeira droga que experimentou foi a maconha.

Sobre a primeira vez, revela: – “Tinha 13 anos, daí fomos brincar e um amigo mais velho do meu irmão chegou com um baseado e me ofereceu. Fumei, pois todos tinham fumado. Fiquei legal, mas o efeito passou logo. Achei meio sem graça”.
Com o tempo, Matheus passa a acompanhar a ‘turma’ do seu irmão, também usuário. Em menos de um ano o jovem já tinha consumido maconha, cocaína, bebidas alcoólicas, cigarros e, por fim, o crack, de onde não parou e nem consegue parar de consumir.
- “Depois que comecei, não consegui mais parar”.
Com a dependência, vieram desentendimentos com os pais e os primeiros furtos.
- “Eu não trabalhava, aí, quando queria, tinha que fazer alguma coisa para conseguir dinheiro. Primeiro comecei a pedir nos ônibus dizendo que era para minha mãe, depois que o povo percebeu que não era, deixei”.

A expulsão e o início da vida na rua: - “Um dia vendi a TV lá de casa. Meu pai me bateu e mandou ir embora da minha casa. Peguei umas roupas e fugi”.
Matheus, que diz saber ler e escrever, vive pelas ruas próximas à Avenida Bernardo Vieira. Para o futuro não tem sonhos, a infância já foi perdida, planeja apenas o que fazer nas próximas horas.
- “Estou até hoje aqui e nem quero saber o dia de amanhã, pois tenho que garantir o de hoje primeiro. Amanhã posso aparecer morto”.
Matéria reproduzida do blog Abelhinha.com

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